Desde o nascimento das cidades, na idade antiga, que temos
registros das preocupações com a Vigilância Sanitária . A humanidade não
conhecia ainda os processos de contaminação que espalhavam a peste, a cólera, a
varíola, a febre tifóide e outras doenças que marcaram a história; mas, mesmo
não conhecendo todo o processo de transmissão de doenças, era sabido que a água
poderia ser uma via de contaminação e que os alimentos de igual maneira
poderiam ser meios de propagação de doenças. Com as populações aglomerando-se
em cidades, estes problemas foram crescendo e se tornando mais complexos.

Interessante notar que o cuidado com
a vigilância implicou na atividade profissional de especialistas voltados para
o estudo da água, dos alimentos que eram consumidos e para a remoção do
lixo produzido por cidades cada vez mais populosas, com diferentes condições
econômicas. Assim, por volta dos séculos 17 e 18 na Europa e 18 e 19 no Brasil,
teve início a Vigilância Sanitária, como uma resposta a este novo problema da
convivência social.
Surgiram então as regras e providências sanitárias. Por exemplo, a água
para abastecer as cidades passou a ser transportada através de aquedutos,
que se constituíam na tecnologia de ponta para a época.
O lixo produzido passou a ter um local próprio para depósito e outras
providências básicas vieram compor a agenda pública, garantindo a higiene
e evitando a propagação das epidemias.
As preocupações com a saúde das populações, e especialmente com as ações
de Vigilância Sanitária, emergiram do poder público desde os tempos mais
remotos.
Ao longo dos tempos, o governo também
se desenvolvia e se tornava complexo, diversificado em suas atribuições. De
quem governa uma aldeia para quem governa um Estado nos dias de hoje vai uma
grande diferença.
Vamos lembrar que, no passado,
algumas populações humanas construíram diferentes civilizações, com padrões de
economia, saúde, hábitos, tecnologias e conhecimentos que podem até hoje ser
verificados em detalhes. O crescimento das cidades,como vemos ao longo dos
tempos, geralmente se faz desordenadamente; isto é, não é acompanhado de
um planejamento e de uma infraestrutura adequada. Com este crescimento, crescem
também a produção do lixo, a necessidade de água, o consumo de alimentos e
medicamentos, a carência de serviços - hospitais, asilos, creche e outros. Tudo
isso, se não for convenientemente garantido pode representar para as pessoas e
coletividades um aumento do risco de adoecer e morrer.
Não é só nas cidades grandes que a Vigilância Sanitária é importante. É
claro que nestas cidades os problemas são mais complexos, mas nas pequenas
cidades também há consumo de alimentos, remédios e produção de lixo e esgoto.
Nas cidades agrícolas também é maior
o consumo de agrotóxicos, inseticidas e outros produtos perigosos para a saúde.
Em geral, podemos constatar que as
indústrias produzem detritos, lixo, que são jogados nos rios e podem matar os
peixes, destruir os mananciais e a flora. Os trabalhadores têm seus
empregos, mas são muitas vezes expostos a condições insalubres. Logo no início
da industrialização do mundo, prevaleceu o descuido com o meio ambiente e
com a saúde. Sempre a produção de lucro e riqueza teve prioridade sobre a
qualidade de vida dos
trabalhadores. É recente a
consciência de preservação do meio ambiente e a busca da saúde implica num
compromisso cada vez mais urgente com isso.
Desta forma, a oferta de empregos gerados pela indústria deve garantir a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores.
Desta forma, a oferta de empregos gerados pela indústria deve garantir a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores.
A MISSÃO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA
A Vigilância Sanitária tem como missão a proteção e promoção à
saúde da população e defesa da vida. Para cumpri-la, deve ter uma
interação muito grande na sociedade. Por este motivo, a Vigilância Sanitária
deve procurar uma participação efetiva na rede de Controle Social do
SUS,contando com a colaboração dos Conselhos de Saúde para as suas ações.
O Conselho de Saúde, além de
contribuir no acompanhamento das políticas direcionadas às ações de
Vigilância Sanitária, pode ser um importante parceiro nos objetivos deste
serviço.
Que instituição da União é
responsável pela Vigilância Sanitária hoje no Brasil?
É a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Ela
faz a gestão de todo serviço de Vigilância Sanitária, que compete ao nível
federal. Cada um desses responsáveis nós chamamos de gestor. Para vocês
entenderem esta questão, vou explicar o seguinte: gestão é a palavra chave
quando se quer falar da gerência e administração dos serviços de saúde. Na
verdade, ela significa mais do que isto, pois é da competência do gestor dar as
diretrizes da atuação do órgão que ele dirige. Neste sentido, o gestor formula,
executa, supervisiona, controla e pode rever as políticas de saúde. Para citar
alguns exemplos, o gestor nacional do
Sistema Único da Saúde, SUS, é o Ministro,
já o estadual é o secretário de estado e o municipal, o secretário municipal de
saúde. O gestor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária é seu
diretor-presidente. O Conselho de Saúde, através de seus conselheiros, formula
as prioridades e as diretrizes para a saúde. Isso também é parte da gestão do
sistema de saúde. Afinal, quem conhece as necessidades de saúde de uma
comunidade é o povo. E o conselheiro é o representante do povo no Conselho.
A CONSTRUÇÃO DO SUS (SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE)
Na primeira metade do século 20, os trabalhadores brasileiros
conquistaram a previdência social e, através dela, era oferecida assistência
médica. A criação dos vários institutos de previdência resultou, em 1966, na
criação do INPS, mais tarde INAMPS. A previdência tornou-se a maior compradora
de serviços de assistência médica privada, possibilitando o crescimento e a
expansão do setor privado de saúde no Brasil, pautado pelo lucro. Naquela
época, apenas os trabalhadores com a carteira de trabalho assinada tinham
direito à assistência médica. O restante da população ficava excluída, gerando
assim uma desigualdade social. A compreensão que passou a vigorar é a de que a
saúde é sinônimo de assistência médica, exclusivamente. Os componentes
da proteção e da promoção da saúde, inclusive os relacionados aos
objetivos das práticas de Vigilância Sanitária, foram abandonados a
um segundo plano.
Com o movimento da reforma sanitária, que ganhou força nos anos
80, estas coisas começam a mudar. Partindo de um outro conceito de
saúde como qualidade de vida, a reforma sanitária mostra que a saúde
resulta da oferta de múltiplas políticas sociais que garantam a moradia, o
emprego, a alimentação, a educação, o lazer, o saneamento básico e qualidade do
meio ambiente. É claro que aí também devem estar contidas as garantias para uma
eficiente assistência médica.
Assim, a Constituição Federal
de 1988 e as leis orgânicas da saúde, Lei Federal 8.080 e Lei
8.142, incorporam as recomendações e reivindicações do movimento da reforma
sanitária. Neste contexto a saúde passa a ser um direito compondo o sistema de
seguridade social. O Sistema Único de Saúde, definido pela Constituição, abarca
os princípios que o caracterizam como um sistema universal, descentralizado,
integral, eficiente e com participação social. O SUS representa
uma conquista da sociedade e o seu princípio de integralidade traz o desafio de
sua responsabilidade pela assistência na recuperação, proteção e promoção da
saúde. Ao definir saúde como um direito de todos, fica rompido pela lei a
desigualdade do acesso à assistência.
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS
I - universalidade de acesso aos
serviços de saúde em todos os níveis de assistência;
II - integralidade de assistência,
entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços
preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso
em todos os níveis de complexidade do
sistema;
III - preservação da autonomia das
pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
IV - igualdade da assistência à
saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;
V - direito à informação, às pessoas
assistidas, sobre sua saúde;
VI - divulgação de informações quanto
ao potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário;
VII - utilização da epidemiologia
para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a
orientação programática;
VIII - participação da comunidade;
IX - descentralização
político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo;
a) ênfase na descentralização dos
serviços para os municípios;
b) regionalização e hierarquização da
rede de serviços de saúde;
X - integração em nível executivo das
ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;
XI - conjugação dos recursos financeiros,
tecnológicos, materiais e humanos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da
população;
XII - capacidade de resolução dos
serviços em todos os níveis de assistência;
XIII - organização dos serviços
públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins
idênticos.
QUAL RELAÇÃO VISA - Indústria,
Trabalho e Saúde?
Indústrias produzem detritos, lixo, que são jogados nos rios e podem
matar peixes, destruir os mananciais e a flora. Os trabalhadores têm seus
empregos, mas são muitas vezes expostos a condições insalubres.
Logo no início da industrialização no mundo, prevaleceu o descuido com o
ambiente e com a saúde. A produção de lucro e riqueza teve prioridade sobre a
qualidade de vida dos trabalhadores. É recente a consciência de preservação do
ambiente. Por outro lado, a busca pela saúde implica num compromisso permanente
e cada vez mais urgente. Desta forma, a oferta de empregos gerados pela
indústria deve garantir a segurança, a saúde e a qualidade de vida dos
trabalhadores.
VISA - Cidadania e Inclusão Social
Somos incluídos socialmente quando nos dispomos à aquisição e ao consumo de produtos e serviços com padrões de identidade e qualidade excelentes para a nossa satisfação e a nossa saúde. Somos cidadãos incluídos quando fazemos parte, tomamos parte e temos responsabilidades.
Ao comprar remédios ou alimentos, por exemplo, é necessário verificar as condições de produto, o rótulo, a data de vencimento, o aspecto da embalagem. Assim todos estaremos contribuindo para um maior rigor por parte das indústrias e do comércio. É preciso avisar o serviço municipal de Vigilância Sanitária sobre toda e qualquer irregularidade percebida. Assim pratica-se a função social, exercita-se a cidadania.
VISA - Combatendo Riscos à Saúde
VISA - Cidadania e Inclusão Social
Somos incluídos socialmente quando nos dispomos à aquisição e ao consumo de produtos e serviços com padrões de identidade e qualidade excelentes para a nossa satisfação e a nossa saúde. Somos cidadãos incluídos quando fazemos parte, tomamos parte e temos responsabilidades.
Ao comprar remédios ou alimentos, por exemplo, é necessário verificar as condições de produto, o rótulo, a data de vencimento, o aspecto da embalagem. Assim todos estaremos contribuindo para um maior rigor por parte das indústrias e do comércio. É preciso avisar o serviço municipal de Vigilância Sanitária sobre toda e qualquer irregularidade percebida. Assim pratica-se a função social, exercita-se a cidadania.
VISA - Combatendo Riscos à Saúde
Riscos Ambientais: surge quando o esgoto, o lixo e a
água usada em locais públicos não têm um destino adequado, com a presença de
vetores como ratos, baratas e insetos. Riscos Ocupacionais: observados
em processos de produção e comercialização de alimentos e outros produtos, por
exemplo, desenvolvidos em locais insalubres: falta de equipamentos de proteção
individual (gorros, botas, aventais e máscaras) para
profissionais.
Riscos Sociais: quando, por exemplo, ocorre a
comercialização de alimentos sem padrão de identidade e qualidade; isto resulta
no não atendimento das necessidades básicas e alimentação de quem compra o
produto.
Risco Institucional: quando um local
público apresenta riscos à saúde individual e coletiva em função de seus
aspectos físicos, higiênicos e sanitários.
VISA - Poderes
A VISA pode atuar de duas formas:
Educando e orientando: é o poder pedagógico e educacional,
ou seja, é a capacidade que os profissionais da VISA possuem para orientar e
educar em Vigilância Sanitária;
Reprimindo e impedindo
irregularidades: é o poder de polícia, exclusivo
do Estado, executado quando ocorre fiscalizações, aplicação de intimações e
infrações, interdição de estabelecimentos, apreensão de produtos e equipamentos
etc.
VISA - Atuação
·
Locais de produção e comercialização de alimentos: fábricas,
restaurantes, bares, produtores e laticínios, mercados, frutaria, açougue,
peixaria, matadouro, frigoríficos etc.
·
Locais e áreas de lazer: shoppings, cinemas,
clubes, ginásios de esportes, óticas, postos de gasolina, estádios,
piscinas etc.
·
Saneamento básico: redes de esgotos,
fornecimento de água etc.
·
Locais públicos: escolas,
cemitérios, presídios, hospitais, clínicas, farmácias, salões de beleza,
asilos, rodoviárias, portos, aeroportos, área de fronteira etc.
·
Fábricas: de medicamentos, de produtos
químicos, de agrotóxicos, de cosméticos, de perfumes etc.
·
Novidades: a investigação de reações adversas a
medicamentos, sangue e produtos de uso hospitalar, além de intoxicação por
produtos químicos e venenos naturais (de plantas e animais) também passou a
fazer parte da área de atuação da VISA.
VISA - Execução
Cada esfera de governo tem uma
competência quando o assunto é Vigilância Sanitária, conforme Lei
Federal 8.080/90 - Artigo 15. Mas cabe aos municípios a execução de
todas as ações de Vigilância Sanitária, desde que assegurados nas leis federais
e estaduais. Esse é o processo chamado de municipalização das ações de
VISA. O Estado e União podem atuar em caráter complementar quando o
risco epidemiológico, a necessidade profissional e a necessidade tecnológica
assim exigem.
A municipalização das ações de VISA
estão ligadas diretamente ás diretrizes do SUS, que tem como carro-chefe a
descentralização das ações, isto é, transferir aos municípios competências,
atribuições, responsabilidades, poder de decisão e recursos financeiros, para
que os mesmos possam desenvolver e administrar os respectivos sistemas
municipais de saúde. O princípio da descentralização nos diz que quanto mais
próximo do problema estiver a possível solução, mais rapidamente ele será
combatido e eliminado.
A Vigilância Sanitária tem como missão a proteção e promoção à saúde da
população e defesa da vida. Para cumpri-la, deve ter uma interação muito grande
na sociedade. Por este motivo, a Vigilância Sanitária deve procurar uma
participação efetiva na rede de Controle Social do SUS, contando com a
colaboração dos Conselhos de Saúde para as suas ações. O Conselho de Saúde,
além de contribuir no acompanhamento das políticas direcionadas às ações de
Vigilância Sanitária, pode ser um importante parceiro nos objetivos deste
serviço.
Blog do Paixão