PUBLICIDADE

Type Here to Get Search Results !

cabeçalho blog 2025

RUMO AOS 91: OS TIPOS FOLCLÓRICOS E EXÓTICOS DA NOSSA HISTÓRIA

O autor destaca os tipos excêntricos, esquisitos e extravagantes da nossa história, e adjetiva os principais com suas características caricatas.


"Chico Bonga" figura exótica, querida e que faz parte dos tipos descrito pelo autor do livro - Araripina, História, Fatos & Reminiscência

esses que ele relaciona acrescentaria vários tipos com os quais também convivemos, entre eles:

ZÉ AMANÇO – que tinha uma mira certeira quando atirava uma pedra em alguém que “bulisse” com ele. A única maneira de se livrar de uma pedrada, era não correr em linha reta ou era melhor correr ziguezagueando.

TIMBU – Esse era o tipo escrachado e para se vingar daqueles que o apelidavam esbravejava e dizia palavrões com suas mães.

DONA QUERIDA – Era o tipo mesmo excêntrico. Gostava de xingar e de falar palavrões. Mas era muito querida por todos.




Chico Doido, Sílvio de Seu Manu Bandeira, Bilu, Barrão Setenta, Mó de Deus (que tinha os dedos das mãos colados), João Lagartixa, Cobra Preta (gostava de xingar), Lucinda, Legal, entre tantos que não me recordo, mas quero aqui deixar escrito sobre as figuras Exóticas e Folclóricas que ainda temos vivas e que traz um pouco desses tempos eloquentes para lembrar que a nossa história é feita e composta de uma diversidade tão rica e contrastante, que debruçar sobre ela tem sido um aprendizado rico e de muita satisfação. E é nesse contexto que está inserido o nosso FOLCLÓRICO “CHICO BONGA”. Tipo carismático, que gosta de roupas coloridas, peito carregado de crachás, confeccionados pelas pessoas que acreditamos, transformar a alegria de “Chico” na maior satisfação exótica que sua figura contempla, fala cheia de gírias, gingado que traduz a sua própria imagem e que traduz o que Francisco Muniz Arraes deixou como presente para os Araripinenses: uma parte no seu livro dedicado a essas pessoas que muitas vezes transformaram “as suas alegrias e comportamentos de criancices” em cultura da nossa história.

(Do Editor)



Muá e sua tirada - "Valeu Bringel!" 


Biscuí - da Vila Batista


Missor- da Rua do Padre


O famoso entregador de jornal sabia de todas as fofocas da cidade.

Em toda comunidade, há pessoas que se destacam pelo exotismo de comportamento. A introversão ou extroversão excessivas, a maneira de falar, os tiques nervosos, ou outro qualquer gesto menos comum, chamam a atenção dos demais. Em Araripina, havia algumas pessoas que, embora com juízo perfeito, chamavam atenção, por causa de algum detalhe peculiar.

JOÃO POTE, criado na casa de Seu Né. Botava água, lenha e cuidava das vacas. Corria a fama de ser bem dotado. Por isso, era citado em alguma comparação de medidas.

ABRAÃO DE SEU QUINCÓ, na casa de quem foi criado. Tornou-se famoso pela sua dificuldade em aprender a ler. – Soletre, Abraão, essa palavra, dizia Prisco apontando para a lousa. - c-a-ca-v-a-va-l-o-lo, repetia Abraão, mas sem conseguir juntar as sílabas. – P que é? Perguntava Prisco, já aborrecido com o demorado silêncio. – É você, seu danado, disse Prisco. Abraão se animou e largou: c-a-ca-v-a-va-l-o-lo, Abraão! Quatro bolos no coitado.

NEGO MÁXIMO, criado por Joaquim Modesto. Se tivesse uma perna só, era o Saci. Vivia sorrindo e tinha a fama de ser ágil em tudo o que fazia, até no falar.

NÔ, piauiense, criado por João Batista da Lagoinha. Conhecia Fortaleza, onde aprendeu ser garçom. Quando estava desempregado, ajudava no Hotel Verde. A comunidade sertaneja da época era preconceituosa com determinadas profissões entre elas a de garçom. Ficava fulo quando lhe chamavam de Nô Bico Doce.

ANTÔNIO IZIDORO, baixinho e sempre sorridente. Era empregado de Pe. Luiz, para casa de quem botava água e lenha. Chapéu de couro sem abas, cobrindo só o cucuruto da cabeça.

MANÉ DISPOSTO, do Piauí. Vivia de fazer mandados. Espingarda a tiracolo, o bornal, facão á cintura, varava estradas a pé, para cumprir alguma missão.

Outros tipos eram dezajuízados.

SÁ LUCINDA, de Floresta. Tinha dois ou três jumentos devidamente aparelhados para carregar água. Disposta como um homem vivia de botar água nas casas. Não tinha papa na língua. Palavrão era com ela e não respeitavam mulheres e crianças, quando debulhava a espiga de seus nomes feios. Se se dizia que não era mulher, levantava a saia e monstrava com a mão: “taqui, se não sou mulher”.

JOÃO MATÔ, vivia de beber cachaça. Era um alienad manso. Fustigado pela meninada, procurava se defender jogando pedras.

ZÉ MIOLO. Enoque era o seu verdadeiro nome. Caiu de um caminhão, machucou um pé e nunca mais ficou bom. Botava água para Zé Bringel e cuidava das vacas. Era alezado. Conhecida era a sua lerdeza, no falar e no andar.

DORICA, de Barra de São Pedro. Aperriada e varrida. Quando ouvia o “ta-ta-ta-i-nha, tainha, tainha”m gritado ou assoviado pela molecada da rua, armava-se de pedras ou de um pedaço de pau e partia para cima dos meninos, para valer. Era perigosa.

ZEFA LIÁ, de Simões. Só andava enfeitada, de laço na cabeça e lambuzada de ruge e baton. “Ôspila, que quiá, com seu peru?”, era a sua costumeira saudação. Não bolia com ninguém e tudo que recebia em dinheiro era para comprar de adornos pessoais.

BENTO, de Fortaleza. Ficou aperriada, segundo diziam, porque perdeu toda a sua fortuna numa virada de caminhão. De boa aparência e calmo. Se lhe faziam pergunta, respondia: “depende das cordileiras”. Nunca se soube o que queria dizer com isso. De certa feita, u’a moça perguntou o que era cordileira e ele respondeu, fazendo o gesto: “é um car...deste tamanho”. Sua família tomou conhecimento de sua vida em Araripina e mandou buscá-lo.

GONÇALINHO. Gonçalo Alexandre Arraes. Morava com o seu irmão Major Quincó. Andava de paletó e chapéu, um cacete debaixo do braço e um caneco de alumínio no bolso. Pouco falava com as pessoas e detestava perguntas. Se alguém lhe perguntava algo, botava os dedos nos ouvidos e saía resmungando.

E com ajuda dos nossos leitores, outros nomes como Sopa da Rua do Padre, homenzarrão negro e bastante caricato, transformava as ironias da vida em momentos hilários;

Chico Jó, Gordim da Jurema. “Alumin” e Lanla da Saúde, também eram representação folclóricas e exóticas da nossa gente que amplia ainda mais a nossa diversidade

Cícero Doido, Lourenço que tinha uma mira certeira e geralmente o seu alvo tinha que correr em zig zag para não ser atingido por uma pedra; Maria Bombaça, Marconde Goró, Oncinha da Avenida (que levava a turma da cachaça para sua casa); Chico Cezário, Canapu, Véi da Bicicleta, Perninha da Rua do Padre – atleta ligeiro e artilheiro driblador do Pedra Fina. Antonio Meota, Negão da Arapuca, foram nomes que o grande músico da Banda Álvaro Campos, Helly Alencar mencionou, com a colaboração grandiosa de "Dudé Cordeiro" - historiador como o autor deste caderno - fez questão de interagir conosco, demonstrando que essas personalidades interessantes, cheias de traços hilários,  ganha essa musculatura de desenvolvimento da nossa sociedade, que em meio as turbulências cotidianas, garantem e garantias, momentos singulares com essas pessoas que em sua maioria, eram puras, sensíveis e às vezes vítimas das desigualdades sociais.

Fragmentos do Livro de Francisco Muniz Arraes - Araripina, História, Fatos & Reminiscências

Postar um comentário

0 Comentários
* Por favor, não faça spam aqui. Todos os comentários são revisados ​​pelo Admin.

Publicidade Topo

Publicidade abaixo do anúncio