Lula pode inscrever seu nome na história e
virar a página das crises em gestões do PT. Ele tem a chance de reverter a alta
da miséria e da fome e ampliar benefícios sociais, mas enfrentará uma oposição
mais radical e uma sociedade polarizada. Para pacificar o País, deverá
incorporar o centro e sinalizar responsabilidade econômica. Desde já, a
sociedade comemora a volta do respeito a áreas como Saúde, Educação, Meio
Ambiente e Cultura
Em CAMPANHA Lula fala a militantes de Curitiba em setembro deste ano (Crédito: Ueslei Marcelino)
Novo Governo
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uando chegou ao poder pela primeira vez, há
20 anos, Luiz Inácio Lula da Silva despertou enorme simpatia internacional pela
sua trajetória de vida e também suscitou dúvidas sobre os planos de governo. Em
pouco tempo, ele afastou os temores de guinadas radicais na administração ou
medidas irresponsáveis na economia, pavimentando o caminho para uma gestão de
grande crescimento e consagração. As sementes dos problemas de corrupção, como
o Mensalão, quase lhe custaram a reeleição, mas não impediram que deixasse o
governo com 87% de aprovação, em 2010.
No
governo de sua sucessora, Dilma Rousseff, o crime de colarinho branco evoluiu
para um escândalo ainda maior, o Petrolão. A herdeira política escolhida a dedo
por Lula encerrou os 13 anos de gestão petista em meio a uma ruína econômica,
após jogar por terra políticas cuidadosamente implantadas pelo petista para
garantir um apoio amplo e sólido: ela rasgou contratos, praticou um
intervencionismo desmedido, flertou com a volta da inflação e desconsiderou
alianças na sociedade e no Congresso, impondo uma administração comprometida
apenas com seu partido. As manifestações de 2013 contra sua gestão já
prenunciavam um esgotamento. O mal-estar desembocou três anos depois no colapso
do petismo, com o nascimento do bolsonarismo.
DISCURSO INAUGURAL O presidente eleito durante o pronunciamento após a vitória, dia 30 (Crédito:MAURICIO RUMMENS)
Lula agora tem sua segunda chance. O seu novo
triunfo é saudado mundialmente como um freio à ameaça representada pelos novos
populistas, como Donald Trump, e também como uma volta ao consenso
internacional contra o aquecimento global — que o Brasil liderou desde os anos
1990. O petista já se beneficia desse bônus externo, mas os desafios internos
são muito maiores.
O
novo presidente vai enfrentar um cenário muito mais adverso do que em sua
primeira passagem pelo governo. Para começar, não vai se beneficiar do boom de
commodities que na época trouxe muitos dividendos ao País e ajudou no
financiamento dos programas sociais. Ao contrário, o cenário é de recessão
global em 2023, com juros em alta pelo mundo. Isso tira divisas e diminui o
apetite dos investidores. O petista receberá uma herança maldita da atual
gestão. O rombo fiscal calculado por alguns economistas supera os R$ 400
bilhões para o próximo ano. Como Lula vai financiar o aumento do Auxílio
Brasil, do salário mínimo e a maior isenção de impostos? Essas foram suas
grandes promessas de campanha.
COMEMORAÇÃO Lula e Geraldo Alckmin celebram a vitória na Av. Paulista, no dia 30 (Crédito:Ricardo Stuckert)
Além disso, ele terá uma oposição muito maior
e mais hostil do que há 20 anos. O antipetismo está enraizado, como mostra o
resultado expressivo obtido por Bolsonaro (58,3 milhões de votos). E boa parte
dos votos de Lula vieram da rejeição ao capitão. A vitória é incontestável, mas
o petista se elegeu com a dianteira mais apertada desde a redemocratização. O
PT perdeu nos principais estados, com a exceção notável da Bahia, confirmando
que a região Nordeste permanece como a grande fortaleza da legenda. A esquerda
encolheu, no Congresso e nos governos estaduais. Na direção contrária, o
Centrão cresceu e aumentou seu poder com o orçamento secreto. O País tem um
conservadorismo mais cristalizado e uma direita que saiu do armário. A agenda
de costumes conservadora foi capturada pelo bolsonarismo a partir da ascensão
evangélica. Nos novos tempos, não basta discutir a fome e pautas sindicais,
como o PT está acostumado: a sociedade é mais complexa.
Pacificação
Lula
precisará de mais habilidade para pacificar a sociedade. Ele já fez isso uma
vez, renunciando a vários dogmas de seu grupo político. Mas terá de demonstrar
agora maior empenho nas negociações para dominar a pauta legislativa. As
arruaças dos bolsões bolsonaristas nas estradas mostram que enfrentará um
ambiente político conturbado. A lua de mel será mais curta e menos favorável do
que há duas décadas. Se não mostrar grande perícia, ele se arrisca a esgotar seu
capital eleitoral mais rapidamente.
O
primeiro esforço começou logo após a eleição. Lula quer reiterar, por meio da
equipe de transição, que a frente ampla que o elegeu terá voz no governo. É por
isso que, em um aceno ao centro, designou Geraldo Alckmin para a coordenação do
grupo de trabalho. O pessebista desembarcou em Brasília na noite de
quarta-feira já com o compromisso de realizar, no dia seguinte, a primeira
reunião de trabalho com Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e chefe da
transição indicado por Jair Bolsonaro, e de iniciar as tratativas sobre o
Orçamento de 2023 com o relator-geral da peça, Marcelo Castro (MDB-PI), e o
senador eleito Wellington Dias (PT-PI), escalado para capitanear as
articulações sobre o planejamento financeiro da próxima gestão.
Coordenador
do PT na Comissão Mista de Orçamento, o deputado Ênio Verri (PT-PR) explica
que, a partir desse primeiro tête-à-tête, as equipes técnicas vão mapear quais
realocações de recursos podem ser feitas para a abertura de espaço orçamentário
e, depois, quantificarão o “waiver” que Lula precisará do Congresso para
implementar projetos emergenciais — um dos cotados para ministro da Fazenda, o
ex-ministro Henrique Meirelles, por exemplo, calcula que a licença para gastar
além do teto teria de ser de cerca de R$ 100 bilhões. A equipe petista quer o
dobro desse valor. “Estamos negociando espaço para atender compromissos que,
para nós, são básicos. São tarefas que não podem aguardar pela situação de
miséria do País. As 33 milhões de pessoas que passam fome precisam ser
atendidas agora”, defendeu o parlamentar. Ele minimizou a chance de os
ministérios dificultarem a entrega de dados à equipe de Lula. Para o petista, a
verdadeira preocupação está centrada no estado das contas públicas, que pode
ser pior do que o divulgado.
Em
paralelo às negociações no Congresso, o gabinete de transição funcionará com
duas peças-chave. Aloizio Mercadante, que costurou o programa de governo de
Lula, será o coordenador técnico. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, por sua
vez, ficará encarregada da articulação política. Os dois vão liderar os
coordenadores temáticos, com uma mescla entre especialistas e políticos
indicados por todos os partidos da base aliada — por lei, o grupo pode contar
com 51 pessoas, além dos servidores requisitados.
Enquanto
aliados cuidam das negociações para pavimentar o caminho do governo, Lula quer
reconstruir pontes entre o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF, a fim de
demonstrar a retomada de um quadro de “estabilidade”. Para isso, planeja encontrar
os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco; da Câmara, Arthur Lira; e do STF,
Rosa Weber. O petista chega à capital na segunda-feira, 7, depois de alguns
dias de descanso em Trancoso, na Bahia, ao lado da futura primeira-dama,
Rosângela da Silva, a Janja. Os encontros com autoridades durante a semana,
contudo, ainda não têm data marcada.
No
Judiciário, a expectativa é a de que o governo Lula restabeleça a harmonia
entre os Poderes, muito embora o petista nutra mágoas por alguns ministros. Os
magistrados lembram que, ao contrário de Bolsonaro, o ex-presidente enfrentou
problemas com o STF sem partir para ofensas pessoais. Na seara política, Lula e
aliados se esforçarão para ampliar a influência sobre o Congresso eleito. O
manda-chuva do PSD, Gilberto Kassab, tem uma excelente relação com o petista e
sonha em voltar à Esplanada dos Ministérios — é cotado, inclusive, para chefiar
a Comunicação, segundo apurou a ISTOÉ. No MDB, o coro de apoio ao próximo
governo será puxado por nomes da velha guarda, como Renan Calheiros e Eunício
Oliveira. “Torço para que o partido integre a base desde o primeiro momento”,
comenta Renan. Estão no radar do PT, ainda, o União Brasil e a federação
formada por PSDB e Cidadania.
Promessas
Relator do Orçamento, Marcelo Castro antecipa que o governo encontrará uma dificuldade “enorme” em organizar as contas. “Não tem espaço orçamentário para nada”, crava. O senador recomenda “prudência” para a escolha de prioridades. “O Auxílio é essencial. Mas e outras propostas, como a correção da tabela do Imposto de Renda e a isenção de quem ganha até R$ 5 mil? É urgente?”, indaga. Confiante, Wellington Dias já antecipou que espera um aumento entre 1,3% e 1,4% para o salário mínimo acima da inflação em 2023.
EUFORIA Militantes comemoram a vitória de Lula na av. Paulista, na noite do dia 30 (Crédito:Bruno Santos)
O acerto sobre essas promessas de campanha será
um primeiro passo para Lula administrar expectativas e demonstrar capacidade de
governabilidade. A escolha dos ministros também poderá aferir a ambição da
gestão. É preciso se cercar de titulares qualificados além das costuras
fisiológicas ou da satisfação aos aliados. Seu governo precisará ser mais
técnico. Para ser bem-sucedido, ele terá que governar de uma forma diferente do
que fez nos anos 2000. Com a necessidade de enfrentar uma direita mais vocal,
terá de caminhar para o centro de fato e se comprometer com uma frente
democrática além do posto que reservou ao vice Geraldo Alckmin. Precisará fazer
um governo de coalizão. Lula é conhecido pelo pragmatismo, mas terá de mostrar
maior aderência programática às pautas centristas. Deverá também afastar-se da
intolerância da pauta ideológica do seu partido.
DECEPÇÃO Apoiadora de Jair Bolsonaro acompanha o resultado da apuração no Rio de Janeiro, dia 30 (Crédito:ANDRE BORGES)
São metas palpáveis que Lula poderá executar
se mostrar desprendimento e consciência sobre seu papel histórico – o que
pareceu demonstrar, por exemplo, em seu discurso da vitória, no dia 30, quando
de fato fez um pronunciamento digno de um estadista. O petista fará um governo
de transição, já que ele mesmo disse que esse será seu último mandato, por
conta da idade avançada (terá 81 anos ao encerrar sua gestão). Sua nova
passagem pelo poder também inicia uma nova fase política para o País. O quadro
partidário que emergiu da redemocratização está esgotado, e novas legendas e
lideranças deverão se afirmar. A geração que emergiu nos anos 1980, de Lula e
FHC, está saindo de cena. Que sua nova gestão seja o norte para novos tempos de
uma democracia vibrante, e não a oportunidade que defensores do atraso esperam
para o retrocesso.
As dificuldades para LULA
O presidente eleito terá problemas de governabilidade e um
cenário mais desfavorável do que em seu primeiro governo
O presidente eleito terá problemas de governabilidade e um cenário mais desfavorável do que em seu primeiro governo
FIM DO ORÇAMENTO SECRETO
O ex-presidente assegurou que extinguirá o orçamento secreto, que pode consumir
R$ 19,4 bilhões do Orçamento de 2023. Congressistas se oporão, porque não
querem abrir mão dos vultosos repasses a seus currais eleitorais. Para driblar
o parlamento, Lula espera contar com uma “mãozinha” do Supremo Tribunal
Federal, que pode declarar as emendas de relator inconstitucionais. A inclusão
do tema na pauta da Corte depende da relatora do processo, a ministra Rosa
Weber
CREDIBILIDADE FISCAL
O reequilíbrio das contas públicas será penoso. Prejudicados pela pandemia e
pela guerra na Ucrânia, os cofres ainda sofreram duros golpes com a concessão
de benesses eleitorais por Jair Bolsonaro. Responsável por resolver o problema,
Lula adota um discurso ambíguo ao assegurar responsabilidade e, ao mesmo tempo,
prometer o fim do teto de gastos. Especialistas classificam como “urgente” a
apresentação de uma nova âncora fiscal diante da previsão de herança de um
déficit de R$ 400 bilhões
INCLUSÃO SOCIAL
Lula anunciou a preservação do Auxilio Brasil de R$ 600 e o repasse de R$ 150
adicionais às famílias por cada criança de até 6 anos. Para cumprir a promessa,
o petista precisa de R$ 70 bilhões extras no Orçamento. Mas esse não é o único
desafio na área de inclusão social. A peça orçamentária também não comporta o
reajuste do salário mínimo acima da inflação, o fortalecimento da Farmácia
Popular e o reforço do programa Casa Verde e Amarela, antigo Minha Casa, Minha
Vida
RELAÇÃO COM O CONGRESSO
Lula mantém uma boa relação com Rodrigo Pacheco, mas não pode dizer o mesmo
sobre Arthur Lira. O petista terá de decidir se, em um acordo, abre mão de
influenciar a disputa pela Presidência da Câmara e mantém uma relação cordial
com o cacique do Progressistas, correndo o risco de ser traído adiante, ou se o
desafia e, no caso de derrota de seu candidato, cria um feroz inimigo logo na
largada do governo. A história do PT com Eduardo Cunha no comando do Salão
Verde mostra o quão danosa pode ser a inimizade entre presidentes de poderes
RESPEITO NO EXTERIOR
É bem verdade que a eleição de Lula foi muito bem recebida pela comunidade
internacional. O entusiasmo, porém, logo dará lugar a cobranças. O petista terá
de apresentar no primeiro ano de governo dados que apontem para a queda de
crimes florestais na Amazônia, uma vez que o descaso da gestão Jair Bolsonaro
colocou o Brasil na condição de pária mundial
PACIFICAR O BRASIL
A pequena vantagem sobre Bolsonaro, de 2,1 milhões de votos, mostra que o
antipetismo ainda pulsa no Brasil. Lula, portanto, terá de encontrar formas de
reconquistar a confiança de ao menos uma parcela do eleitorado que o rejeita.
Mais do que isso, vai precisar incentivar a pacificação de um país no qual a
violência política está em ascendência, as instituições são constantemente
ameaçadas e ideias nazistas ganham espaço, como indicam as cenas em que
brasileiros replicam saudações protagonizadas, no século passado, por
apoiadores de Adolf Hitler
Ressurreição política ecoa o
passado
Assim como Getúlio Vargas, Lula foi do céu ao
inferno em uma gestão popular e enfrentou o ostracismo. Os dois deram a volta
por cima, mas o gaúcho teve um segundo mandato fatal
Ressurreição política ecoa o passado
Assim como Getúlio Vargas, Lula foi do céu ao inferno em uma gestão popular e enfrentou o ostracismo. Os dois deram a volta por cima, mas o gaúcho teve um segundo mandato fatal
A
volta de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder coroa uma trajetória política espetacular.
De líder operário que enfrentou a ditadura nos anos 1970 a presidente em dois
mandatos populares, nos anos 2000, sua ascensão foi meteórica. A queda também
foi dramática, com sua sucessora e aliada sofrendo um impeachment em meio à
maior crise econômica da história do País e seu partido envolvido em um
gigantesco esquema de corrupção.
O
petista amargou 580 dias na prisão por acusações oriundas da Operação Lava
Jato, para ter suas penas anuladas por questões processuais em 2021 e ser
reabilitado politicamente. Desde então, tornou-se favorito para vencer Jair
Bolsonaro, que chegou ao poder surfando no antipetismo e apresentando um
discurso nostálgico do regime militar.
PRIMEIRA POSSE Lula recebe a faixa presidencial de Fernando Henrique Cardoso, em 2003: rivais na redemocratização (Crédito:ORLANDO KISSNER / AFP)
A vitória do petista é inédita em vários
aspectos. Pela primeira vez, um mandatário conseguiu um terceiro mandato nas
urnas. Também inusitado foi o fato de que um presidente em exercício, Jair
Bolsonaro, fracassasse em sua reeleição. Sua eleição, com o apoio dos antigos
adversários na redemocratização (inclusive FHC), também foi uma reafirmação da
Carta de 1988.
É
eloquente a semelhança da trajetória de Lula com a de seu antecessor no panteão
da esquerda, Getúlio Vargas. O patrono do trabalhismo liderou uma ditadura
feroz e foi afastado em 1945. Manobrou nos bastidores contra adversários para
voltar ao poder pelo voto, em 1950 (um dos seus adversários foi Cristiano
Machado, rifado pelo seu partido com a ajuda de Vargas, o que criou no
vocabulário político brasileiro o termo “cristianizar”). Vargas também foi
acusado de criar uma “república de sindicalistas” e estabeleceu direitos
básicos dos trabalhadores, como o salário mínimo. A valorização real desse
direito básico é a bandeira número 1 de Lula. Vargas surfou no nacionalismo,
criou as grandes estatais e foi defensor do nacional-desenvolvimentismo. Lula,
por outro lado, não é refratário ao capital estrangeiro, já que emergiu como
líder sindical entre trabalhadores de multinacionais. Mas prioriza o
crescimento pelo investimento público e defende um Estado grande.
Lula
também teve no sindicalismo sua base de sustentação, mas renegou o peleguismo
varguista. Ao contrário do gaúcho, Lula sempre defendeu a democracia, apesar da
tentação de controlar a mídia por meio de “regulação”. Ainda assim, nunca
chegou perto da censura e do aparato de propaganda de inspiração fascista de
seu antecessor. Os dois enfrentaram perseguição e uma oposição feroz – ainda
que Lula tenha enfrentado os adversários dentro do Estado de Direito. Os dois
líderes se beneficiaram do mito populista de “pai dos pobres”.
PAI DOS POBRES Depois da ditadura, Getúlio Vargas ( à esq.) enfrentou o ostracismo, atuou nos bastidores e voltou ao poder pelo voto popular (Crédito:Divulgação)
A oposição udenista e a crise econômica que
Vargas não conseguiu domar selaram o destino do seu segundo mandato de maneira
trágica. Encurralado politicamente em seguida a um atentado frustrado contra
seu maior inimigo, Carlos Lacerda, o gaúcho se matou e “entrou para a
história”, como narrou em sua carta-testamento. Lula disse: “Tentaram me
enterrar vivo, mas eu ressuscitei”. O lulismo será consagrado como o novo
getulismo?
Blog do Paixão